sexta-feira, junho 18, 2010

"Por que as Coisas São Como São?"


 


Ainda hoje me flagrei num questionamento bizantino: "por que as coisas são como são?". Às dez da manhã, de um lado, uma amiga lamentava a lástima de sua avó (doente e cansada); de outro, ao meio-dia, lamentava eu a partida de um antigo amigo (antigo de velho e, não, de finda a amizade). Logo me veio  o conhecido Manuel; Manuel, aquele  que tem Bandeira no nome:  "A casa de nossos avós, tão cheia de eternidade".  Mas  esquecia eu que a eternidade, como qualquer outra coisa, também se finda. Como informação demais nunca é de menos, acabei recorrendo à espiritualidade. Tentativa chula de explicar nossa eterna limitação. Em tempos assim começamos a perceber que os medos vão se amontoando. Uma gigantesca bola de neve surge. E vamos levando essas dúvidas cobertas de dívidas com si mesmas. Uma caça da raposa à toca. E tocamos a vida sem qualquer remorso. 
Passa a tristeza e chegam clarões de felicidade. Se esse sentimento, que faz com que expúnhamos nossa dentadura com média de 28 dentes (que servem, agora, para muito pouca coisa), associada, quase sempre, ao bem-estar, com objetivo quase exclusivo de expurgar todo mau augúrio, for, como diria Schopenhauer, apenas um raro momento da vida em que nos vemos livre do fardo da tristeza, digo com todos as palavras, caro leitor, NÃO HÁ MOTIVOS PARA COMEMORARMOS. Hoje, a morte. Amanhã, o cartão. Daqui a uma semana, as compras, os impostos, as multas, o trânsito, a penhora. Passados alguns anos, seus remédios. Corridos outros tantos, já se é suficiente para que sua própria bunda se transforme num stress (duro de se conter, fedido para se limpar).
Se você for um do tipo HUMANISTA (com o mínimo de humanidade), basta abrir as páginas de qualquer jornal para que seu momento de luz escureça (seja por vermos a libidinagem que toma conta de nosso lábaro, seja pelos cotidianos casos de mortes que, há muito, se tornaram, apenas, PÁGINAS DE JORNAL). São os tipos de estatísticas que você deve ter OBRIGAÇÃO de sofrer, já que se diz tão humanista. Então sofra e tire essa máscara hipócrita que esconde seu rosto. Sendo você um ATIVISTA, já deveria estar nas ruas protestando. Mas vamos combinar: protesto, hoje em dia, é o que mesmo? Se não envolve salário, o máximo que ficamos é revoltado. Mas deixemos isso um pouco de lado. Vamos considerar ser você um pouco mais INDIVIDUALISTA. Aí, digo eu: Oh miserável, olhe-se no espelho e note que o mundo não se enrosca no seu umbigo.
Em todo caso, continuamos perguntando: há ou não alguma alternativa pra esta merda? Receio não ter uma resposta; afinal, isso é, SIM, um papo bizantino. E como detrás de toda grande resposta está uma grande pergunta, continuo eu me questionando: "por que as coisas são como são?". Mas não se desespere, amigo leitor, nem tudo se resume à tristeza. De quatro em quatro anos, há futebol, mulher, cachaça, mutretas.

3 comentários:

Taty disse...

Me considero um tanto quanto HUMANISTA, talvez somente em teoria, nao que eu queira mas sejamos sinceros: quem gosta de ver apenas desgraça, o tempo todo e todo dia????? pois é só isso que lemos e vemos no jornais... é claro que saber o que está acontecendo é necessário... mas até que ponto???? devemos sofrer por cada assassinato que sabemos?? por cada sequestro? por cada estupro? .... é realmente um papo bizantino... até pra mim mesma, se é que isso é possível... huahuahau... então acho que podemos ser um meio termo entre HUMANISTA E INDIVIDUALISTA, só não quero ser HIPÓCRITA!!!! e vocês, o que acham????

Taty disse...

ou melhhor, O QUE SÃO?????

Biba disse...

Eu acredito que todo mundo se encaixa um pouco em tudo. Mas, já que é para se autodefinir, antes de qualquer outra opção, me considero OTIMISTA. Ouso contrariar Schopenhauer, e acho que a tristeza, sim, é que se faz um momento raro na vida de quem consegue sorrir diante das adversidades.

Enfim, as coisas são como são, porque todo mundo é como é. Haaaaaaiiii... ;D