sexta-feira, março 11, 2011

Metal Contra as Núvens

          



             Depois de tanto tempo ausente, já tenho cruéis dúvidas se conservo aqueles meus poucos leitores. Caso eu tenha passado a ser apenas mais um escritor eremita, absoluta certeza tenho que fora por motivos bem mais justos que o meu inexplicado desaparecimento. Por outro lado, se eu conseguira conservar ao menos um de meu fiel público, a este minhas reverências e minha infeliz promessa que isso pode acontecer algumas vezes mais. Devo, porém, a estes dizer que não é por descaso ou qualquer outro motivo fútil que lamento ter que fugir. O fato é que, de uns meses para cá, tenho andado mais pesado que a pena que ilustra este espaço.
            Infelizmente são nos momentos de maiores dificuldades que nossos limitados olhos conseguem enxergar o que realmente importa. Por essas horas um completo tolo, um escravo de abismos que se multiplicam além de nosso controle. É quando a vida está por um fio e quando os suspiros se transformam em urros que dimensionamos a raridade de nossas vidas e a qualidade de nossas companhias. Devo dizer que não é o homem que faz o tempo, mas o tempo que faz o homem. São as marcas das cicatrizes que nos fazem lembrar o amargo sabor da dor e do valor que ela tem para fazer-nos perseverar. Talvez a única coisa que possamos arriscar quantificar é o tempo que levaremos para nos erguer das quedas que, com certeza, acontecerão. No meu caso, o tempo não tem pressa alguma. Quem sou eu, então, para tê-la?
             Cada vez mais comprimimos os poucos minutos que temos de reflexão, negociando-o por valores invertidos, onde o que é menos vale mais e o que é mais vale menos. Agora não quero exemplificar, sei que todos já sabem quando o sapato aperta o calcanhar. 
            Tenho que confessar que comecei escrevendo este post sem qualquer intenção pré-determinada. Sem qualquer assunto em mente. Simplesmente escrevi. E aqui está. Na verdade, pouco sei qual sentido terão todas essas linhas. Como cegar os olhos, ensurdecer os ouvidos e calar a boca são bem mais fáceis que dar a cara a tapa, uma coisa para mim é certa: duvido que farão o efeito que meu coração espera. Acho que tudo isso é uma mescla de raiva, solidão, revolta e carência. É um desabafo calado para todos aqueles que se negam a ouvir. É quando a brasa se torna cinza que o fogo ganha seu valor. Assim deixo minhas desculpas aos leais amigos, minhas lamurias a quem servir.

"Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão (...), eu sou o ouro em seu brasão" (Renato Russo).

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