segunda-feira, agosto 02, 2010

Vida que Vive Vidas em Uma Vida




Como diria Chaplin, "a coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina". Ouso, porém, acrescentar algumas palavrinhas. Acho que a vida é, sim, o ciclo invertido que outrora narrou nosso roteirista. Começamos sem aperreios e, quando amadurecemos, todos eles nos preenchem. É um abuso escandaloso que associa problemas à experiências; maturidade à tempo; bons conselhos à sofrimento. Ao invés de, à medida que o tempo passa, colecionarmos "ausências" de conflitos, eles se amontanham e lotam nossas contas e depósitos do correio (são as cobranças chegando e os débitos se vencendo).
A experiência sem pudor tem a coragem de se filiar à alma sem vergonha que é a merda da pele enrugar. São as transições conturbadas que nos bate a porta com uma bandeja de bosta para, na cara, nos jogar. E novamente na janela ponho a bunda para defender que a pior mudança é o enterro da adolescência. Quem disse que é bom ter experiência não sabe dos juros que se cobra pelas poucas migalhas que catamos por aí estrada a fora.
A ansiedade que nos possui impede que sejamos úteis. Há de se arrumar um emprego: "Oh menino, você não quer ser gente?", já posso ouvir da tia que finge me tomar como família. A vida não é tão bonita como cantara Gonzaguinha. Tal qual a esperança, ao mesmo tempo que nos mata, um pouco todos os dias, também nos trás o necessário para agonizar os poucos minutos que arrastamos nesta coisa chamada VIDA. Aventurados mesmo são aqueles que vivem vidas em uma vida. Vidas que sofrem, que se alegram. Que se declinam, mas também carregam. Vidas que voltam, vidas que seguem. Mas uma só vida cujo soldo é a solda da confiança que não se entrega.
Não quero aqui valorar o que cada um toma por vida. Mas vida que é vida por si só é um conglomerado reunido num só nó. Assim já disse o Chaplin:

"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade. Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?" (Charles Chaplin).

Como eu não poderia deixar de propor, se a vida começa ao contrário, que tal "nós alinhar"? 

2 comentários:

Taty Hazin disse...

É, realmente seria muito bom se as coisas se invertessem... se ser jovem nao significasse menos experiências ou menos sabedoria!!
O curioso caso de Benjamin Button só foi filmado ano passado, e Chaplin escreveu isso em que ano? ele é realmente fantástico!!!

Taty Hazin disse...

acho engraçado as pessoas falarem de "vida e morte", como se fossem opostos. o oposto da morte é o nascimento, Vida nao tem oposto!!!!!!!!!!!!!!!!!!